DOM VICENTE, O APÓSTOLO DA AÇÃO SOCIAL
CENTENÁRIO DE DOM VICENTE DE PAULO ARAÚJO MATOS
No ano dedicado ao protagonismo dos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, a Diocese de Crato tem a grata missão de recordar os cem anos do Bispo que impulsionou a responsabilidade social e política dessa pequena porção do povo de Deus, no período marcado por todo um contexto.
Um ano antes da Composição do Concílio Vaticano II, que trouxe reflexões sobre os pobres e o papel da imprensa, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos fora eleito pastor diocesano de Crato, seis anos depois de ter assumido a função de Bispo Auxiliar de Dom Francisco de Assis Pires. Àquela época, o país estava prestes a enfrentar o momento mais difícil de sua história - a Ditadura Militar – e o mundo vivia as tensões da Guerra Fria.
Com a discrição que lhe era característica e muita inspiração divina, Dom Vicente empreendeu projetos voltados, principalmente, para a promoção humana, como as “Escolas Radiofônicas”, no combate ao analfabetismo, e de “Líderes Rurais”, com sindicados e cooperativas, o que lhe rendeu o carinhoso título: “O Bispo da Ação Social”. E fez história com o seu comportamento e suas ideias visionárias. Pregava que “a situação de miséria em que vive a grande massa de nossos irmãos não é só o grito lancinante de um povo esmagado pela injustiça social”, mas “um obstáculo tremendo para a salvação das almas”.
Dom Vicente nasceu em onze de junho de 1918, em Itapajé, Ceará. É para ele que dedicamos esse webdocumentário.
Lema Episcopal: VICENTI DABO MANNA
(Ao vencedor darei o maná)
GALERIAS
DA INFÂNCIA AO EPISCOPADO
AÇÕES PASTORAIS E SOCIAIS
PARÓQUIAS CRIADAS EM SEU EPISCOPADO
OBJETOS E PARAMENTOS
AÇÕES SOCIAIS
A Rádio Educadora do Cariri “Informava com honestidade e divertia com seriedade” numa programação que ia desde programas de educação de base (como as Escolas Radiofônicas, criadas para combater o analfabetismo) a transmissões de festividades e noticiário. Chegou a manter 350 programas mensais.
O Cine Educadora exibia filmes de longa metragem com aparelho moderno para a época. Com cerca de 750 poltronas, mantinha duas seções diárias de exibição.
A Empresa Gráfica Ltda imprimia o Jornal “A Ação”, que representava a imprensa regional.
A Escola de Líderes Rurais (ELIRUR) e o Movimento de Cooperativismo e de Sindicatos capacitava o trabalhador rural para o exercício de suas funções, além de orientá-lo quanto aos seus deveres e direitos.
O Centro de Treinamento do Crato (CETREC), em parceria com o Governo do Estado, prestava serviços à comunidade, com encontros de classe e cursos de formações, dentre eles as capacitações de parteiras e atendentes comunitários no CESANA (Centro para Assuntos de Saúde) para os 21 mini-postos da época.
O Movimento de Educação de Base – MEB visava à formação integral de adolescentes e adultos das áreas menos desenvolvidas, assessorando-os com cursos, ministrados principalmente por meio de programas radiofônicos.
Os Círculos Operários e as Semanas Ruralistas dentro das Comunidades Eclesiais de Bases – CEBs.
O Ginásio e a Escola Normal Madre Ana Couto (GENMAC) atendia jovens de Crato e das cidades circunvizinhas com cursos primários, ginasial e normal.
A Faculdade de Filosofia do Crato, criada para atender aos estudantes do interior do Nordeste, ofertava os cursos de Ciências, Geografia, Letras, História e Pedagogia.
Conheça as áreas de atuação da Fundação Padre Ibiabina no período de Dom Vicente:
“No mundo rural e operário, a Igreja evoluiu de uma atuação marcadamente assistencial, para uma presença conscientizadora e fortalecedora das reinvindicações sociais. Surgiram na Igreja, nesse tempo, a conscientização das classes, sobretudo no meio rural e operário [...] Era um despertar de consciência que ia surgindo dentro das Comunidades Eclesiais de Base”.
Trecho do Livro “Os quatro Luzeiros da Diocese de Crato”, escrito pelo Padre Francisco Montenegro, em 1999.
DOM VICENTE E A COMUNICAÇÃO
DOM VICENTE, UM GRANDE BISPO GRANDE!
Mons. João Bosco Cartaxo Esmeraldo, Reitor do Santuário Eucarístico
Ainda está impressa em minha memória a procissão da chegada do Bispo Auxiliar de Dom Francisco, o jovem Bispo Dom Vicente de Paulo Araújo Matos, com apenas 37 anos de idade, saindo à procissão da Casa de Caridade do Crato (a casa mesma, antiga, inteira: não havia o complexo da Rádio Educadora e do Colégio Pequeno Príncipe que existe hoje), em direção da Sé Catedral. Nós seminaristas, em agosto de 1955, éramos uns 235 alunos entre esses, eu só tinha 14 anos, cursando o segundo ano ginasial, correspondendo à 6ª série atual. Admirávamos todos, a estatura do novo Bispo diante de Dom Francisco, já alquebrado pela idade. Víamos logo que Dom Vicente, vindo de Fortaleza, nascido em Itapagé-Ce, era um Bispo grande, de grande estatura, simpático.
Ele não foi morar numa casa à parte, mas começou morando com Dom Francisco, no palácio. E aí permaneceu até o dia em que renunciou.
Como Bispo jovem, com muita disposição, enfrentou a luta de visitar todas as paróquias da Diocese, que nesse tempo ia até Tauá, Parambu, Iguatu (só em 1961, foi criada a Diocese de Iguatu, a cuja frente da criação estava o Bispo auxiliar do Crato). Nessa visita fez a campanha em prol do Patrimônio da Diocese de Crato, que desde 1914 ainda não tinha o seu patrimônio.
Leia o texto na íntegra:
Pe. José Vicente Pinto
Pe. José Vicente Pinto
Pe. José Mota Mendes
Madre Maria Carmelina Feitosa
Geysa Sampaio
Hermelinda Pereira de Araújo
Miralva Nunes Cavalcante
Dom Edimilson Neves Ferreira
Dom Gilberto Pastana
“Inquieta-nos, caríssimos irmãos e filhos diletíssimos, a situação de miséria em que vive a grande massa de nossos irmãos. Miséria que não é só o grito lancinante de um povo esmagado pela injustiça social, como ainda um obstáculo tremendo para a salvação das almas”.
- Trecho da primeira Carta Pastoral de Dom Vicente, apresentada em 19 de março de 1961, início de seu ministério episcopal à frente da Diocese de Crato. Revista Itaytera, página 168.
De sua nomeação e posse Dom Vicente fez cumprir o seu lema episcopal: “Ao vencedor darei o maná”. Com seu estado dinâmico, a sabedoria do equilíbrio, da serenidade, uniu oração e ação. Pioneiro em tantas áreas, figura de prestígio na região – e fora dela - promoveu o despertar do povo para a consciência espiritual e cidadã, apesar do ambiente pouco renovador do país. Faz bem à Diocese de Crato poder reverenciá-lo na galeria dos seus bispos. Essa foi à finalidade deste webdocumentário.
Assim, segundo a profecia de Daniel, “os que tiverem introduzido muitos nos caminhos da justiça luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor” (Dn 12, 3), a memória do “apóstolo da ação social”, não morreu, se renova, está viva e atuante, ao completar cem anos de existência.
Acesse a programação do Centenário:
Produção
Assessoria de Imprensa da Diocese de Crato
Jornalistas responsáveis
Patrícia Silva e Patrícia Mirelly
Edição digital
Mychelle Santos com orientação de Hanna Menezes
Fotos
Galeria 1 e 2: Imagens cedidas pelo Departamento Histórico Diocesano Padre Antônio Gomes de Araújo
Galeria 3: Site da Diocese de Crato
Galeria 4: Patrícia Silva
Vídeos
Imagens: Patrícia Mirelly e Marcos Aurelio
Edição: Marcos Aurélio
Trilha Sonora: YouTube
Depoimentos
Dom Gilberto Pastana de Oliveira
Dom Francisco Edimilson Neves Ferreira
Monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo
Pe. José Vicente Pinto
Pe. José Mota Mendes
Madre Maria Carmelina Feitosa
Geysa Sampaio-Huberto Cabral
Geraldo Correia
Miralva Nunes Cavalcante
Hermelinda Pereira de Araújo